terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Gastos dos turistas brasileiros no estrangeiro em 2011

Brasileiros gastaram US$ 21,2 bi no exterior em 2011, maior valor em 64 anos

Volume praticamente dobrou desde 2008, quando teve início a crise econômica mundial que afetou os EUA e a Europa

Texto:
Os gastos realizados pelos turistas brasileiros em viagem ao exterior em 2011 somaram US$ 21,234 bilhões, cerca de  R$ 37,433 bilhões, o maior valor em 64 anos, desde o início da série histórica, segundo informações divulgadas nesta terça-feira pelo Banco Central. (Ver gráfico)
Esse desempenho reflete o bom momento econômico brasileiro, onde os principais destaques têm sido a elevação da renda da população e a mobilidade social, com o fortalecimento da classe média.

Despesas no exterior

Evolução dos gastos dos turistas brasileiros fora do País desde 1947
Fonte: Banco Central

O fluxo mais intenso de turistas brasileiros no exterior ganhou força após a piora no cenário internacional com a crise financeira no fim de 2008. Naquele ano, os brasileiros gastaram US$10,962 bilhões em viagens fora do País. Esse valor praticamente dobrou em 2011. Com a economia abalada no exterior e o real valorizado, os Estados Unidos e a Europa, destinos mais procurados pelos brasileiros, ficaram mais acessíveis.
Em dezembro, o gasto dos brasileiros fora do País alcançou US$ 1,764 bilhão, o maior para o período desde o início da série histórica. Em igual período em 2010, o desempenho ficou em US$1,726 bilhão.
Motivado pela desvalorização do dólar, até meados agosto, os gastos dos brasileiros no exterior registraram recordes consecutivos no ano passado. A maior marca para um período de 30 dias foi registrada em julho do ano passado, quando o gasto total dos turistas no exterior foi de US$ 2,196 bilhões. Em abril, os gastos de brasileiros fora do País haviam sido de US$1,943 bilhão, a segunda maior marca da história em um único mês.
Com o real valorizado, os produtos importados ficaram mais atrativos para os turistas em viagens ao exterior, afetando, em parte, o desempenho e a competitividade da indústria nacional.
A desvalorização do dólar foi provocada pela crise internacional e o aumento na percepção de risco pelos investidores em todo o mundo, no fim do primeiro semestre, com a possibilidade de um calote dos Estados Unidos em sua dívida pública. Esse risco só foi minimizado em julho, após um acordo entre os parlamentares americanos para elevar o teto de endividamento do país.
De olho com os crescentes gastos dos brasileiros no exterior e a alta do real, o governo tomou uma série de medidas para frear o consumo de turistas fora do Brasil. No início de 2011, o ministério da Fazenda elevou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre gastos com cartão de crédito fora do País de 2,38% para 6,38% e também aumentou o mesmo tributo sobre as captações de recursos no exterior de 2% para 6%. Mas mesmo com as medidas da área econômica do governo, os gastos no exterior continuaram crescendo. 
Balanço de pagamentos
No ano passado, o balanço de pagamentos, que engloba todas as transações do Brasil com o exterior, registrou um superávit de US$58,637 bilhões, um crescimento de 19,4% em relação a igual período de 2010, quando f oi de US$ 49,101 bilhões. Em dezembro, o saldo ficou positivo em US$525 milhões.
Já as transações correntes – que levam em conta os resultados de balança comercial, serviços e rendas – acumularam déficit de US$53,612 bilhões, ou 2,12% do PIB. O saldo negativo foi 11,2% maior na compração com o resultado registrado em igual período de 2010 (US$47,323 bilhões). Em dezembro, as transações correntes ficaram deficitárias em US$ 6,040 bilhões.
A balança comercial acumulou superávit de US$29,796 bilhões no ano passado, com alta de 48% em comparação com igual período de 2010 (US$20,147 bilhões). Em dezembro, o saldo foi de US$3,815 bilhões.
A conta de serviços, na qual estão incluídos os gastos de brasileiros no exterior, registrou um déficit de US$37,906 bilhões em 2011, aumento de 23,2% em comparação com igual período de 2010 (US$30,771 bilhões). No último mês do ano passado, o saldo ficou negativo em US$ 3,602 bilhões, 23,5% maior que o déficit de US$ 2,916 bilhões verificado no mesmo mês em 2010.